NUTRICIONISTA, O ESTRESSE PREJUDICA OS RESULTADOS DOS SEUS PACIENTES! Começo esse texto com essa afirmativa, pois está amplamente comprovado na literatura científica que o estresse psicológico interfere significativamente na saúde física e nos seus determinantes, com o estilo de vida, sendo um obstáculos para que seus pacientes atinjam um melhor resultado. E nessa vida corrida em que vivemos, quantos de nós não estamos com algum grau de estresse? É claro que é impossível não passar por situações que nos tiram a calma em algum momento, mas, neste caso, estamos nos referindo ao estresse como uma incapacidade em lidar com os desafios impostos no dia a dia, ou seja, quando as situações ameaçadoras superam a nossa capacidade de enfrentamento.
Cada indivíduo reage de uma maneira às situações ameaçadoras. O que é ameaçador/estressor para uma pessoa, pode não ser para outro. No entanto, pessoas estressadas podem se envolver em comportamentos de risco à saúde, como alimentação não saudável, fumar e ingerir bebida alcoólica, por exemplo. Comportamentos arriscados, mas frequentemente prazerosos, são formas de lidar com o estresse. Um estudo recente realizado com trabalhadores brasileiros mostrou que altos níveis de estresse foram associados ao tabagismo, obesidade e à ocorrência concomitante de comportamentos de risco à saúde.
Em relação à alimentação, foco deste texto, muito estudos vêm demonstrando que pessoas estressadas estão em maior risco para adotarem maus hábitos alimentares. Há evidências significativas sugerindo efeitos potencialmente prejudiciais do estresse nos padrões alimentares (por exemplo, pular refeições, restringir a ingestão, comer compulsivamente) e na preferência alimentar. O estresse pode aumentar o consumo de fast-food, lanches e alimentos ricos em calorias e altamente palatáveis, além de estar associado à compulsão alimentar.
O mecanismo pelo qual o estresse influencia as escolhas alimentares envolve interações hormonais e processos metabólicos, bem como diferenças individuais nas respostas psicológicas e neuroquímicas ao estresse e à alimentação. O estresse está associado a níveis reduzidos de insulina e leptina, que interagem e influenciam alterações no apetite. Ele provoca uma resposta mais passiva impulsionada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), com um aumento no cortisol que pode levar as pessoas a consumir alimentos hedônicos e ricos em energia e potencialmente levar a ganho de peso indesejado e obesidade, ou sabotar as estratégias nutricionais para perda de peso.
O consumo de alimentos altamente palatáveis – como aqueles com alto teor de gordura, açúcar ou sal – pode ativar o sistema opioide endógeno (recompensa) e reduzir a resposta ao estresse do eixo HPA, aliviando assim os sintomas de estresse. Além disso, a ingestão de alimentos altamente palatáveis pode reduzir o estresse por meio de prazer sensorial, distração e fuga. Esses alimentos recompensadores estimulam as vias de recompensa do cérebro e, por meio de mecanismos de aprendizado/condicionamento, aumentam a probabilidade de busca e de mais consumo de alimentos altamente palatáveis.
Preste atenção em como seu paciente está! Não só do ponto de vista físico/bioquímico, mas também do ponto de vista emocional. Se você reconhecer isso, com certeza ajudara seu paciente a lidar melhor com a alimentação e alcançar os objetivos de forma mais eficaz.

